RSS

27 de janeiro de 2010

Biomassa

Propriedades Funcionais da Banana Verde

A banana é produzida na maioria dos países tropicais e é uma das frutas mais consumidas no mundo, tendo o Brasil como o segundo maior produtor e o primeiro consumidor mundial. As variedades mais difundidas no Brasil são: Prata, Pacovan, Prata-anã, Maçã, Mydore, Terra e D’ Angola, além da Nanica e Nanicão voltadas principalmente à exportação. A banana é considerada hoje uma das principais fontes de amido na dieta. Mas além de sua concentração de carboidratos e energia, também apresenta elevadas proporções de vitaminas e minerais.

A banana ainda verde é considerada um alimento funcional pois, quando cozida, apresenta alto conteúdo de amido resistente presente na polpa da fruta. O benefício do amido resistente é similar ao da fibra alimentar, sendo que este não é digerido e absorvido no intestino delgado, podendo ser fermentado no intestino grosso, produzindo substâncias que servem como fonte de energia para a produção das bactérias benéficas do nosso intestino, além de manter a integridade da mucosa do nosso intestino, que é responsável pela absorção adequada dos nutrientes e pela barreira da entrada de substâncias maléficas. Desta forma, o consumo de banana verde auxilia no trânsito intestinal adequado, atuando na prevenção e tratamento de quadros como diarréia e constipação, além de prevenir o desenvolvimento de doenças como o câncer de intestino.

Além de contribuir para a saúde do intestino, a banana verde exerce outros efeitos benéficos ao organismo. A banana verde é considerada um alimento de baixo índice glicêmico, ou seja, sua digestão e absorção são mais lentas, e assim a quantidade de glicose liberada no sangue ocorre gradativamente, mantendo os níveis de glicose no sangue controlados, e reduzindo a necessidade de liberação de insulina para que esta glicose entre na célula, contribuindo então para a prevenção do desenvolvimento de diabetes, além do acúmulo de gordura corporal, devido ao aumento da saciedade promovido pelo amido resistente. Os estudos indicam que o consumo de amido resistente também atua na redução do colesterol, pela redução de sua produção pelo fígado, e pelo aumento da sua eliminação pelos ácidos biliares. Desta forma, a banana verde pode também ter uma importante função na prevenção do desenvolvimento de doenças do coração.

A banana verde na forma cozida é apropriada ao preparo de subprodutos como a biomassa e a farinha de banana verde, que são utilizadas para a confecção de bolos, biscoitos e outras massas, substituindo a farinha de trigo. Além disso, você pode adicionar a biomassa da banana verde em sucos de frutas e vitaminas. O preparo da banana verde é simples e pode ser feito em casa. Veja como preparar a biomassa:

1. Lave as bananas verdes com casca, uma a uma, utilizando esponja com água e sabão e enxágüe bem;
2. Em uma panela de pressão com água fervente (para criar choque térmico), cozinhe as bananas verdes com casca, cobertas com água por 20 minutos;
3. Desligue o fogo após os primeiros 8 minutos, e deixe que a pressão continue cozinhando as bananas;
4. Espere o vapor escapar naturalmente. Não force o processo abrindo a panela debaixo da torneira, por exemplo;
5. Ao término do cozimento, mantenha as bananas na água quente da panela;
6. Vá aos poucos tirando a casca da polpa, que deve ser passada imediatamente no processador. É importante que a polpa esteja bem quente, para não esfarinhar;
7. Coloque a quantidade desejada da polpa cozida quentíssima no processador;
2. Processe até obter uma pasta bem espessa;
3. Se não for utilizar imediatamente, guarde a polpa em saco plástico. Essa polpa pode ser guardada por 3 a 4 meses no congelador, mas necessitará de um reprocessamento.

Abaixo segue um exemplo de uma receita saudável em que a biomassa pode ser adicionada:

Suco funcional:
- Suco de 1 laranja
- 1 folha de couve
- 100 ml de suco de uva
- 1 colher de sopa de linhaça
- 1 colher de sopa da biomassa de banana verde
Bata os ingredientes no liquidificador e consuma este suco energético no café da manhã.


Dra. Valéria Paschoal

19 de janeiro de 2010

Linhaça

Perguntas sobre a Linhaça - Conceição Trucom

Existe uma comercialização crescente de farinha de linhaça e até uma divulgação pela internet sobre os benefícios dela. As pessoas me escrevem desorientadas pois, em geral, acessaram informações de que a linhaça deve ser consumida inteira. Outras fontes afirmam que precisa ser previamente torrada e outras que a melhor forma de consumi-la é triturada.

Qual informação seguir?

A linhaça é uma semente, a semente do linho.
Como todas as sementes, ela contém substâncias de proteção contra ataque de fungos, carunchos e bactérias, de tal forma a preservar o seu destino: germinar e virar uma planta. Estas substâncias são tóxicas (para os bichinhos e para nós humanos) e são chamadas de antinutricionais e alérgenos. Principalmente se o consumo daquela semente é exagerado.

Primeira resposta: o consumo diário seguro de semente de linhaça é de 1 colher de sopa (adultos) e 1 colher de sobremesa (crianças). Lembrando que todas as sementes oleaginosas (girassol, gergelim, castanha-do-Pará, castanha de caju, semente de abóbora, etc.) têm esta mesma medida de segurança.
Mas as sementes são alimentos riquíssimos em nutrientes essenciais como sais minerais, proteínas vegetais, gorduras nutricionais, enzimas e fibras. Elas são consideradas alimentos biogênicos, ou seja, que geram vida, pois contêm, naquele seu pequeno espaço, todas as informações genéticas e nutricionais para gerarem um novo ser, uma nova planta. Elas são tão fortes que não precisamos, como exposto acima, ingerir muito, não é uma questão de quantidade, mas qualitativa.

Segunda resposta:

para evitar os antinutricionais e alérgenos das sementes, basta deixá-las que germinem. Porque durante a germinação a semente entende que chegou a hora de se transformar: semente -> germinado -> planta.
Neste momento (o da germinação), todas aquelas substâncias que cumpriam a função de defesa e preservação da integridade da semente se transformam em agentes de propulsão e crescimento. O germinado costuma conter doses elevadas de enzimas, vitaminas e substâncias vitalizantes, ativadoras de vida. Por este motivo, sempre que se for consumir sementes, elas devem estar cruas e minimamente germinadas: 8 horas de molho em água filtrada (umidade) durante a noite (escurinho), que é uma simulação do solo. Desta forma, o aproveitamento de todo o material biológico e energético deste tipo de alimento será maximizado.
Mas, se qualquer semente ou alimento for cozido no fogo, acima de 100 graus por 5 minutos ou mais, todas as enzimas, vitaminas termodegradáveis e as informações genéticas de propulsão da vida serão destruídas. Restam somente alguns nutrientes, mas a qualidade biogênica foi degradada irreversivelmente. Experimente germinar uma semente após sua torra.

Terceira resposta:

quando o consumo for com propósito terapêutico e curativo as sementes devem ser consumidas cruas e idealmente pré-germinadas.
Toda semente é rica em proteínas e gorduras nutricionais. Aliás, "sê-mente", nos lembra que esta composição é muito semelhante a das células cerebrais: lipo-proteínas. E, esta fração gordurosa em geral é poliinsaturada, como a famosa família dos ômega-3. Ácidos graxos poliinsaturados significa, entre outras questões do mundo da química, que são FACILMENTE OXIDADOS (estragados, rançados, envelhecidos, intragáveis, causadores de quadros alérgicos, enxaquecas, vômitos, etc.).
E a linhaça é campeã no teor de ômega-3. É o alimento do reino vegetal mais concentrado neste nutracêutico. Quem protege todo este teor elevado de poliinsaturados da linhaça é sua casca.

Quarta resposta:

triturou tem que ingerir o mais rápido possível. Porque se triturar e não consumir imediatamente, a farinha obtida irá se oxidar rapidamente e não servirá para consumo. Deverá ser jogada fora. Assim, o correto é comprar a linhaça crua, fresca e inteira. E, ir germinando e triturando no dia-a-dia, conforme o tamanho do consumo daquela pessoa ou família.
O que acontece? Na produção do óleo de linhaça, que tem elevado valor terapêutico e comercial, sobra uma borra de fibra e proteína com baixo teor de gordura. Tal subproduto é seco e comercializado como farinha de linhaça. Ou seja, além de estar oxidada, tem contaminantes do processo industrial e é um alimento esvaziado da sua integralidade, da sua alquimia de ser biogênico, nutracêutico, terapêutico e curativo.

Quinta resposta:

não existe diferença significativa entre linhaça marrom e dourada. Em termos de ômega-3 a marrom leva vantagem. O mais importante é que seja fresca, bem conservada e que haja um consumo diário, jamais esporádico.

Sexta resposta:

se o seu médico recomendou tomar cápsulas de óleo de linhaça como suplemento de ômega-3, significa que quadros inflamatórios estão freqüentes, certo? Mas as cápsulas são "suplementos". Quem é completa e possui a alquimia natural de um alimento biogênico é a semente na íntegra. Ou seja, além das cápsulas, siga com a recomendação diária da semente "dormida" em água, como indicado na primeira resposta acima.

Conceição Trucom é química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para o bem-estar e qualidade de vida. Reprodução permitida desde que mantida a integridade das informações e citada a autora.